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A tribuna não é grupo de WhatsApp, nem picadeiro

Na tribuna do parlamento, o respeito à linguagem é parte essencial do decoro e da seriedade do mandato; informalidades como “e aí, pessoal” rebaixam o nível do debate e desvalorizam a representação pública.

Por: Fonte: Rony Paz
01/04/2025 às 12h10 Atualizada em 01/04/2025 às 12h43
A tribuna não é grupo de WhatsApp, nem picadeiro
Foto: Divulgação

Há lugares que exigem postura. A tribuna de um parlamento é, por excelência, um desses lugares. Ali, onde as palavras constroem leis, onde o verbo molda direitos e define rumos, espera-se mais que opiniões: exige-se compostura. E isso começa pela forma como se fala.

Não se trata de frescura ou de apego a formalidades ultrapassadas. Trata-se de reconhecer o valor simbólico do espaço que se ocupa. Quando um parlamentar sobe à tribuna e solta um "E aí, pessoal?", ou começa com um descontraído "Gente, olha só...", algo se rompe. É o peso institucional sendo trocado por um tom de bate-papo.

A situação se agrava quando surgem expressões como “tamo junto”, “fechou”, “vou dar o papo”, “isso aqui tá osso”, ou até “esse projeto é top demais”, ditas como se o plenário fosse uma live no Instagram. O problema não está na gíria em si, mas no contexto em que é usada. A tribuna não é lugar para viralizar, lacrar ou fazer cena. Não é picadeiro, nem palco para espetáculo. É lugar de responsabilidade, onde cada palavra deve carregar o peso da função pública.

A política já sofre com a desconfiança da população. Quando a linguagem adota o tom de conversa entre amigos de bar ou grupo de WhatsApp, ela desce mais um degrau rumo à banalização. E com isso, rebaixa também a própria autoridade da instituição.

A informalidade excessiva, além de comprometer o decoro, afasta a legitimidade. O cidadão quer ver um parlamentar próximo, sim, mas também preparado, respeitoso e comprometido com a liturgia do cargo. Usar “nobres colegas”, “senhores parlamentares” ou “excelentíssimo presidente” não é pedantismo: é reconhecimento da seriedade do local.

É preciso recuperar o tom adequado. Os parlamentares devem estar atentos: a tribuna é um espaço de construção política, não de entretenimento. Se quiserem se comunicar com o povo — e devem —, que o façam com clareza, mas sem perder o respeito pela instituição que representam.

Porque quem transforma a tribuna em palco, corre o risco de transformar o parlamento em circo. E isso, o país não pode mais permitir.

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